31 de dezembro de 2014

Quadradinhos e Crumbs. AAVV (Chili Com Carne/Kingpin)

Tal como em casos anteriores de leituras “gémeas”, gostaríamos de ler estas duas antologias lado a lado, não como forma de as confundir ou comparar na direcção de uma criação de hierarquias, mas esperando somente que a sua colação possa despertar e revelar linhas de interpretação mais sólidas e argumentadas.

E com estes dois "ramalhetes", ficam os votos de um bom 2015. (Mais)

30 de dezembro de 2014

Monstros!/ Có! & Birds. Gustavo Duarte (Companhia das Letras)

A propósito da reedição de dois livros anteriores a Monstros!, de 2012, num só volume, deixaremos aqui algumas rápidas considerações sobre o trabalho de Gustavo Duarte, reforçando algumas das notas que havíamos indicado quando da leitura da sua participação no projecto MSP Graphic com Chico Bento. Pavor espaciar. (Mais) 

26 de dezembro de 2014

Nowhere Men, Fate Worse Than Death. Eric Stephenson e Nate Bellegarde (Image)

Apesar do título desta série remeter a uma ideia de impotência (pelo menos, sob a forma da citação que representa), de inocuidade, podemos entendê-la de três formas distintas e paradoxais, mas todas válidas. Estes “homens de nenhures” são o grupo de cientistas que são afectados por um misterioso vírus e que se vêem obrigados a mudarem de espaço continuamente, mas todos esses lugares que não estão assinalados nos mapas. Ou, os “homens de nenhures” são antes os génios científicos que estão por detrás de todos os eventos mostrados, inclusive as maleitas do primeiro grupo, e cujo dom é precisamente o da ubiquidade das consequências das suas acções. Ou ainda, numa leitura mais frágil, são antes todas estas personagens que vivem num estado muito desequilibrado e incerto na sua vida editorial. Se é bem possível que apenas o hipotético desenvolvimento da série (ver nota final) possa confirmar, desmentir, transformar as seguintes notas de leitura, avançaremos como se se pudesse ler este primeiro volume como uma obra fechada, terminada, singular. (Mais)

24 de dezembro de 2014

No presépio... José Pinto Carneiro e Álvaro (Insónia)

É tempo de celebrarmos o nascimento de Jesus, o Cristo. Com essa celebração, também se pensa na família, esse gigantesco pilar da sociedade moderna, verdadeiro berço da construção do indivíduo, cadinho dos valores identitários de uma cultura. Celebram-se os laços férreos que unem os membros da família, a espessura do sangue que lateja de emoção. E outras tretas do género, representadas o melhor possível por essa invenção agora posta em causa, o presépio. (Mais)

21 de dezembro de 2014

Sandman, Overture # 04. Neil Gaiman e J. H. Williams III (Vertigo)

Remetendo os leitores ao que dissemos sobre os números anteriores desta série (1, 2 e 3), escusamo-nos de repetir muitas das ideias e noções que ainda têm lugar neste quarto número, à medida que fazemos este exercício de leitura capitular. (Mais)

19 de dezembro de 2014

Revoir Paris, e outros títulos relacionados. Benoît Peeters e François Schuiten (Casterman)

Para ser rever algo, é porque já se viu isso antes. Apenas com experiência directa é que se podem criar tessituras posteriores de memórias. As reminiscências são sempre restos de algo que passou. O que acontece quando não vimos, não se experienciou, não se passou por algo em concreto? Como é que se pode rever, rememorar, recordar essa mesma coisa? Podemos ter memórias em nome de outro? Podemos criar (não re-criar) memórias utilizando os mais díspares elementos, reais e fictícios, imaginários e herdados? Essa é possivelmente a trama central da aventura de Kârinh, a protagonista de Revoir Paris. (Mais) 

17 de dezembro de 2014

Roghi. Anna Deflorian (Canicola)

Quais são as expectativas mínimas quando nos deparamos com um livro de banda desenhada? Esperar uma narrativa? Encontrar uma qualquer linha que se organize ao longo das supostas imagens múltiplas que se apresentarão no objecto determinado – livro, revista, etc. - ? Um qualquer tipo de prazer cognitivo, que tem em conta igualmente certos sentidos físicos e de sensações? Afectos específicos associados a memórias de leituras anteriores, “ares de família”? E o que sucede quando esses ares de família falham ou são continuamente desviados? (Mais)

16 de dezembro de 2014

"O corpo dos negros amarelos", artigo em Este corpo que me ocupa (Buala)

Tendo já colaborado em ocasiões passadas com a plataforma Buala, voltamos agora a um novo episódio, em contornos ligeiramente diferentes. (Mais)

15 de dezembro de 2014

Deixa-me entrar. Joana Afonso (Polvo)

Alberto é condutor de um camião de recolha de lixo em Lisboa. Vive sozinho, pobremente, acumulando caixas de papelão no seu abetesgado quarto, cheios de tudo o que tem salvaguardado desde a sua infância, tal como uma bola de trapos. A senhoria, dona Fernanda, vai colocando perguntas estratégicas, que vão abrindo a sua vida de concha fechada. Mas Alberto é um homem de poucas palavras. Mas não de poucas memórias.(Mais) 

14 de dezembro de 2014

Ardalén, de Miguelanxo Prado no aCalopsia.

Tendo recebido uma cópia deste livro da parte da Asa através do editor do site aCalopsia, ficara prometida que a crítica que dele faríamos seria publicada nesse mesmo local. O nosso interesse pela obra de M. Prado tem sido algo intermitente, e não tanto de seguidores fiéis, por encontrar neste autor prestações muitos desiguais entre si. 

Se por um lado este imenso volume é apresentado como uma grande obra no percurso do autor, e apenas uma leitura atenta permita responder se se trata de uma obra maior, ela pede, ainda assim,por um esforço particular em compreender a sua natureza.

Ficando os agradecimentos à editora e a B. Campos, o nosso texto pode ser acedido directamente aqui.

13 de dezembro de 2014

Veil. Greg Rucka e Toni Fejzulah (Dark Horse)

Uma jovem mulher emerge de uma estação abandonada de metro numa qualquer cidade dos Estados Unidos. Está nua e parece falar em estranhos fraseados rimados, como se estivesse presa a uma leitura de Alice no País das Maravilhas. Desperta imediatamente a concupiscência de alguns transeuntes, inclusive membros do que parece ser um gangue local, provavelmente envolvidos em negócios como a droga e a prostituição, típicos atalhos de moralidade. A estranheza está presente na narrativa desde o início, e as suas primeiras páginas aumentarão o grau dessa estranheza: a mulher é “salva” por um dos membros do gangue, bem-intencionado, mas depois é ela quem o salvará da violência inevitável, e nesse acto revela um mundo paralelo e mágico. Veil cria desde logo um quadro de referências dignos de um Taxi Driver aberto à fantasia. (Mais)

10 de dezembro de 2014

Que luz estarias a ler? João Pedro Mésseder e Ana Biscaia (Xerefé Edições)

Serve o presente recado para dar conta da edição de um pequeno livro, fruto de vários factores convergentes. Ana Biscaia sentiu-se movida com as imagens de uma rapariga tentando salvar livros, possivelmente da sua escola, na faixa de Gaza, quando dos bombardeamentos israelitas do conflito do verão de 2014. Criou assim um ciclo de imagens que partilhavam essas, digamos, preocupação, solidariedade, e princípio de resposta. (Mais)

Les trésors de Tintin. Dominique Maricq (Casterman/Moulinsart)


Este livro-objecto segue à risca a metáfora pretendida pelo título, e pode ser considerada como uma espécie de “arca de tesouros”. Fisicamente, é uma caixa no interior da qual se encontra um livro de capa cartonada e um envelope que carrega toda a espécie de documentos em papel em fac-símile (parece existir uma outra edição ligeiramente diferente na distribuição). Este é um objecto, portanto, que tanto servirá a estudiosos da banda desenhada em geral, como da franco-belga em particular, mas também, como é fácil de imaginar, os tintinófilos mais completistas e os fetichistas dos livros em geral. (Mais)

9 de dezembro de 2014

Cumbe. Marcelo D’Salete (Veneta)

Há relativamente pouco tempo, deparámo-nos com um livro infantil que discorria sobre a história de Portugal. Numa frase, explicava-se como a conquista do norte de Ceuta e outras das políticas expansionistas admitiriam o alcance do mercado da “pimenta, canela, escravos, marfim e outros produtos”. O que constitui matéria de discussão, e que deveria ser chocante, é que, mesmo que do ponto e vista estritamente economicista – o qual tem tomado conta incrementalmente de mais áreas da vida humana - a palavra “escravos” não apenas se encontre sem quaisquer qualificações naquele arrolar de “produtos” como numa posição da ordem sem qualquer particularidade. Como se a desculpa de “o tempo histórico” fosse desculpa para eliminar as diferenças entre especiarias, derivados vegetais, minerais raros e… seres humanos. (Mais) 

5 de dezembro de 2014

Sepulturas dos pais. David Soares e André Coelho (Kingpin Books)

Até certa medida, podemos afirmar que Sepulturas dos pais é uma espécie de retorno, ainda que talvez apenas a um nível superficial, aos primeiros livros de banda desenhada de David Soares, quando ele próprio os desenhava. Sem descurar os anteriores livros em colaboração com outros desenhadores, a leitura deste volume recorda aquilo que, já em 2002, escrevíamos sobre os livros então disponíveis de Soares, sobre um “chiaro-scuro [sic!] que assume uma vitalidade ao serviço do fantástico e do terror” (flirt no. 26). O percurso e “personalidade gráfica” de André Coelho é aquela que mais partilha elementos com Soares-o-artista de entre os seus colaboradores, ainda que este tenha dividido o seu percurso entre uma ultra-estilização próxima de Ted McKeever (o dos anos 1990) e uma figuração mais redonda. Porém, mesmo que Coelho seja um artista mais moldado e pictural, também Soares explorava os “excessos” materiais – da tinta, das correcções, de letras e símbolos não-diegéticos, etc. - para aumentar a textura visual dos seus livros, aspecto que Coelho leva a um grau mais elevado. Não aqui, porém, onde antes opera sobretudo em nome de uma paradoxal “clareza”. (Mais)

3 de dezembro de 2014

Dois livros académicos franceses (Presses Universitaires François-Rabelais)

Se temos dado conta de alguma produção académica em língua inglesa, não queremos porém dar a ideia de que a produção noutras línguas é menos regular. Se bem que algumas dessas produções estejam fora do nosso alcance ora por não lermos a língua (o caso alemão) ou pura ignorância (o que se passa na Argentina ou na Suécia?), sabemos que é contínua, mesmo que em diferentes graus de intensidade. O campo francófono, por exemplo, é exemplo disso. Mais ou menos recentemente, não apenas pequenas editoras especializadas (PLG, Les Moutons Eléctriques, entre outras) como editoras académicas propriamente ditas (a PUF, acima de todas) têm lançado livros da mais diversa natureza, mas todas unidas pela ideia de dar a lume leituras críticas e analíticas da banda desenhada. A produção é de tal ordem que permite uma edição anual do SoBD, um salão quase exclusivamente dedicado a obras sobre banda desenhada, mais do que dela-mesma. Este ano, por exemplo, instituíram mesmo um prémio à melhor obra do ano transacto (prix Papiers Nickelés), que calhou a Thierry Groensteen, pelo seu volume sobre Töpffer. (Mais) 

25 de novembro de 2014

Interlúdio francês: Lerbd em Amiens.

Serve o presente para informar os leitores assíduos (e os menos assíduos) do LerBD que haverá um intervalo de posts nos próximos dias, por ocasião da nossa estada em França.

Estando a decorrer a primeira edição de uma "DU" (formação com direito a "diploma universitário") em "Criação de banda desenhada" na Faculdade de Artes da Universidade Jules Verne, da Picardia, na cidade de Amiens, e tendo sido convidados para ministrar a disciplina de "História da banda desenhada", estaremos afastados da blogosfera por uma semana, mais coisa menos coisa.

No entanto, queríamos partilhar a alegria e honra que é esta oportunidade em ensinar numa plataforma prestigiante e internacional. Sendo o objectivo dar a conhecer (em apenas 9 horas!) as questões de fundo da história desta forma de arte, e atravessando o máximo dos pólos de produção (que conhecemos, bien sûr), haverá seguramente para "meter a colher portuguesa" algures...

Aproveitaremos também para visitar o Salon des Ouvrages sur la BD, em Paris, e umas quantas livrarias...

24 de novembro de 2014

AAVV. 2 Pattes de Mouche (L'Association)

Depois de um mais ou menos prolongado hiato da colecção, já para não falar da dificuldade de a ver distribuída comercialmente pelos nossos pontos de venda, a colecção Patte de Mouche tem dado sinais de continuidade, quer com os autores perenes da casa, quer com novos artistas quer com amigos que por lá passam. É precisamente o caso destes três livros (que já têm cerca de um ano) de que queremos dar breve recado. (Mais) 

20 de novembro de 2014

Compêndio de geometria clitoridiana. Mattia Denisse (Galeria Bessa Pereira)

A angariação deste pequeno objecto, que parece revestir-se de uma natureza descartável, para esta constelação mínima de livros-de-artista, poderá, à luz das anteriores publicações, soar deslocado, um desvio demasiado grande para uma força agregadora, um salto demasiado abusivo de um gesto concentrado. Poderá, mas a natureza fluida que queremos ajuizar nestes mesmos objectos terá de permitir que, mesmo na existência de uma imensa torrente central, cujas margens pareçam perenes e unidireccionais, haverá sempre espaço para afluentes, lagoas, reentrâncias, desvios, baías, pântanos, mangais, com toda a espécie de vegetação e vida animal, por vezes demasiado movente para que se a consiga catalogar. Ou pior, tanto movente que no momento da sua catalogação, já se mutou em formas novas.

É precisamente isso o que nos parece ocorrer sempre que nos deparamos com os gestos de Mattia Denisse. (Mais) 

19 de novembro de 2014

Monkey Trip. Gonçalo Pena (Mousse Publishing)

Na continuidade do artigo anterior, e após a sua introdução geral, passemos à consideração desta “colecção de desenhos” de Gonçalo Pena, pequena galeria portável. Traduzindo de forma “selvagem” (à lá revista K) a expressão de “viagem macaca”, poder-se-ia dizer de facto que este volume é tão-somente uma colecção de desenhos de Pena. Conhecido sobretudo por uma prestação de telas imensas a um gosto antigo mas onde se investigam novas possibilidades de recruzamentos simbólicos, e por um inaudito fanzine-acto nas Caldas da Rainha (o “Cona da Mão”), Pena é um artista cujos instrumentos o colocam sempre na senda de ingredientes mais ou menos classicizantes: a figura humana, o desenho a traço, as promessas narrativas que dele pode advir, as noções de “ciclos” (temáticos, matéricos, composicionais). (Mais) 

18 de novembro de 2014

3 livros de artista. 1: The Cabinet of Dr. Alice. Alice Geirinhas (Stolen Books)

Introdução.
Queremos aqui agregar num único olhar três objectos distintos. Esta operação de colocar lado a lado estas três publicações não deixa de exercer um certo abuso, uma vez que elimina certos pormenores singulares de cada um destes projectos para os conjugar de acordo com um qualquer princípio que julgamos ser-lhes comum, um princípio que poderia ter o nome fluido de “livro de artista”. Se bem que cada um mereça uma leitura individualizada, e uma ponderação dos seus instrumentos e elementos que os singularize, e não crie a ilusão de familiaridade, estamos em crer que a sua consideração conjunta poderá sublinhar questões pertinentes partilhadas por todos. (Mais) 

12 de novembro de 2014

Pelos olhos dentro/40 x Abril. AAVV (Abysmo/Arranha-Céus)

Ambos os livros que trazemos à vossa atenção neste único texto provêm de um universo relativamente idêntico. Apesar de nascerem sob dois gestos diferentes, reunirem pessoas diferentes e serem editados por plataformas diferentes, eles contêm afinidades editoriais, criativas, políticas e culturais por demais evidentes, que justifica, até certo ponto, que possam ser consideradas sob o mesmo fôlego. (Mais) 

11 de novembro de 2014

Banda desenhada e pequenos traumas... em Braga.

Serve o presente post para indicar que estarei presente no XVI Colóquio de Outono da Universidade do Minho, em Braga. Coordenado e organizado pelo CEHUM, farei uma comunicação intitulada "Pequenos traumas: banda desenhada e teoria do trauma", que focará, como objecto de estudo, o Diário Rasgado de Marco Mendes, sobretudo na sua dimensão política e de representação colectiva.

Se vos for possível, apareçam.

Mais informações e programa aqui.

9 de novembro de 2014

The Rise of Aurora West. Paul Pope, JT Petty, David Rubín (First Second)

As afinidades entre Paul Pope e David Rubín não são poucas nem negligenciáveis na apreciação das obras de ambos. É então sem grande surpresa, no fundo, que encontramos frutos do seu encontro, permitidos pela forma como o mercado actual da banda desenhada permite uma circulação cada vez mais sólida e diversa de autores entre países que, até há uma década, se encontravam relativamente “isolados” em matéria de criação, salvo casos pontuais. Não há hoje necessidade de “emigrar” para vingar ou entrar em mercados internacionais. E ao vermos o tipo de intensidade emocional e regresso a um certo prazer juvenil em El heróe e Battling Boy, já para não falar das pesquisas intertextuais e citações integradas respectivas, quase se poderia dizer que era inevitável o seu cruzamento. Ei-lo. (Mais)

6 de novembro de 2014

War is Hoover... Filipe Abranches (Imprensa Canalha)

Criado na sequência do convite estendido ao artista de estar presente no Festival de Treviso, no qual Portugal foi o país convidado, e se publicou uma colectânea de trabalhos traduzidos editados por Marcos Farrajota, este pequeno fanzine é na verdade um projecto de resgate em duas acepções. Num sentido da prática artística e no da narrativa aqui oferecida. (Mais) 

5 de novembro de 2014

Uma perna maior que a outra. José Feitor (Imprensa Canalha)

Lenta, mas de modo contundente, e pouco inócua quando o faz, cá martela a Imprensa Canalha os seus pequenos objectos gráficos, que habitam aqueles terrenos baldios entre a banda desenhada, a ilustração, o desenho, o exercício de junção de ideias soltas, apontamentos, rabiscos e fragmentos de frases. Uma última fornada providencia-nos com dois títulos, um do seu editor, José Feitor, e outro de Filipe Abranches, de que falaremos em seguida. Comecemos pelo primeiro, Uma perna maior que a outra. (Mais) 

4 de novembro de 2014

Μήδεια ("Medeia"). Mariana Waechter (Sáfaro)

Ao folhearmos este livro, cria-se um mecanismo estranho de leitura. Na primeira imagem, de página inteira, vemos um poste eléctrico, cheio de fios e ligações. Na segunda, uma caixa de fósforos semi-aberta. Na terceira, já apresentando uma estrutura de várias vinhetas (duas apenas, mas num jogo de luz e sombras que multiplica a imagem maior em unidades menores), o que parece ser um bode em pé, olhando a chuva lá fora. Depois, introduz-se uma personagem humana, uma mulher arranjando as unhas a outra mulher. As imagens que se seguirão ora vão multiplicando os agentes, os espaços, os eventos, algumas vezes demonstrando pequenas sequências, outras fazendo regressar algumas personagens recorrentes, outras ainda recolocando objectos em diferentes funções, e apenas lentamente, lentamente, é que podemos destrinçar uma ideia de “narrativa” - já que uma intriga nítida e cristalina jamais se coalescerá – destas imagens aparentemente desconexas. Apetece-se dizer, com Fernando Pessoa, imagens “inconjuntas”, e com Giorgio Colli, falar de um “mel da narração” que garante coesão aos elementos díspares. (Mais) 

31 de outubro de 2014

Júlio Pomar, ilustrador.

Na próxima Terça-feira, dia 4 de Novembro, terá lugar a 4ª sessão do Seminário "Júlio Pomar e a(s) Arte(s)", na Faculdade de Letras de Lisboa (sala 5.2).

Esta sessão será da responsabilidade deste vosso criado, que lerá um breve paper sobre algumas questões em torno da obra de ilustração desse artista. Na segunda parte, o grande Tiago Manuel tomará a palavra, e promete falar e dar que falar sobre a pintura de Pomar...

A entrada é gratuita (o pagamento visa a assistência de todo o seminário e um certificado), mas agradece-se a vossa pontualidade.

Apareçam!

Cidade suspensa. Penim Loureiro (Polvo)

Até certo ponto, Cidade suspensa tem sido “vendida” como uma espécie de grande regresso, de um retorno significativo de um autor que andava afastado das lides há cerca de trinta anos. Concomitantemente, o livro deveria ser visto talvez como uma espécie de magnum opus que foi sendo criada a lume brando, ou pelo menos com um ímpeto que acumulava uma vontade de expressão acalentada durante esse tempo, e que traria logo de imediato uma patina de valor acrescentado. As mais das vezes isso serve para criar um discurso hiperbolizado igualmente, e carente de um olhar analítico, e por isso crítico. O que importa é ler a obra, e colocar essas questões também elas, de certa forma, suspensas. (Mais) 

30 de outubro de 2014

Is That All There Is? Joost Swarte (Fantagraphics)

Joost Swarte é um daqueles nomes que fazem uma história alternativa da banda desenhada, na medida em que a celebração de uma espécie de cânone central quase impede que se forme uma memória mais diversificada dos seus autores, e até um artista deste calibre, famoso, vê a sua circulação algo rarefeita. Poder-se-ia enclausurar Swarte na sua Holanda natal, agregando-o a um punhado de outros nomes com quem partilha afinidades criativas e editoriais (como Peter Pontiac, Evert Geradts e Theo van den Boogaard), ou a uma época determinada (os anos 1980 – algumas das técnicas de “decorativismo” foram tentadas por muitos dos seus contemporâneos, como François Schuiten e Gérald Poussin) mas o seu nome foi internacionalizado muito rapidamente, e a sua responsabilidade, de certa forma, num recrudescimento por uma banda desenhada consciente da ideia de design, é quase exclusivamente sua. Recordemos que uma das suas imagens mais famosas, que mostra a criação de uma banda desenhada como se de um estúdio industrial de cinema/fotonovelas se tratasse, foi não apenas feita para ser capa de uma das míticas Raw (a no. 2) como foi recuperada há pouco por Paul Gravett para estar na capa de Comics Art, de que falaremos. (Mais) 

28 de outubro de 2014

Av. Paulista. Luiz Gê (Quadrinhos na Cia.)

Não se trata, Av. Paulista, tanto de um projecto de relação entre a arquitectura e a banda desenhada em que a disciplinarização da primeira inflicta processos estruturais da primeira, ou se procure na linguagem formal da segunda formas de erigir uma cidade, à escala humana ou outra. Não estamos aqui na fundação de uma nova cidade fictícia (à la Dominion City, de Seth), nem um entendimento da vida humana como factor enclausurado na vida de uma cidade (à la Chris Ware), nem uma pesquisa de questões arquitectónicas em torno de micro-ficções (à la Jiminez Lai). Trata-se mesmo de um retrato, quase pessoal, quase passional, de uma veia que atravessa uma cidade e, conforme a perspectiva, a corta, a coze, a sangra, a alimenta. (Mais) 

25 de outubro de 2014

The Lisbon Studio no FIBDA 2015.

O presente post serve para indicar que amanhã, 26 de Outubro, terá lugar uma apresentação do The Lisbon Studio (TLS), que terá a presença de um número substancial dos artistas associados a este colectivo, e com moderação nossa. Uma vez que são, como reza a expressão, em número superior às entidades maternas, torna-se difícil arrolar, e para mais com certezas, todos os nomes dos que estarão presentes. Mas adivinha-se uma conversa animada, se bem que provavelmente sem ordem. (Mais).

24 de outubro de 2014

Living Will # 2 e 3. André Oliveira e Joana Afonso (Ave Rara).

Serve este post para (também) indicar, em primeiro lugar, que será lançado [hoje] no FIBDA o terceiro volume desta série, num painel com os autores e moderado por este vosso criado. Tem lugar no Fórum Luís de Camões, dia 25 de Outubro, pelas 16 horas. (Mais) 

William Hogarth na Oficina do Cego.

Serve este brevíssimo post para indicar que esta noite, na Oficina do Cego, estaremos presentes para animar uma noite dedicada a William Hogarth. Para além de dois filmes, faremos uma sumária apresentação sobre a obra do gravador inglês, centrando-nos na esfera mais influente para as áreas que nos animam.

Apareçam!

Mais informações, aqui.

23 de outubro de 2014

Molly. Rudolfo (Ruru Comix)

Agora que a Lodaçal Comix parece ter confirmado a sua descontinuidade, Rudolfo inflecte os seus esforços editoriais ao serviço do seu próprio trabalho. O autor tem-se desdobrado em vários campos, mesmo se nos atermos somente à banda desenhada, alguns dos quais em colaborações com outros argumentistas, outros dando continuidade a projectos seus anteriormente começados e, como este em particular, dando início a um novo trajecto. (Mais) 

18 de outubro de 2014

As regras do Verão. Shaun Tan (Kalandraka)

Agora que o breve Verão é apenas uma pequena memória enterrada em dias cinzentos, de poucas abertas, regressar a um livro que o acompanhou de forma discreta e tranquila mas decisiva é necessário. Shaun Tan regressa, no nosso círculo de traduções, com um novo livro que explora os espaços não-ditos mas compreendidos epidermicamente na pele. (Mais) 

17 de outubro de 2014

O espelho de Mogli. Olivier Schrauwen (Mmmnnnrrrg).

Quando mencionámos o novo projecto deste artista, Arsène Schrauwen, conhecíamos já a versão original deste livro, Le miroir de Mowgli, mas foi com surpresa agradável que descobrimos ter sido produzida esta nova versão, publicada em Portugal. Ela difere da primeira em termos de formato, ligeiramente maior agora (ver nota final), pela técnica de impressão (correcção: ver comentários) e, consequentemente, pela cor (onde no original duas cores se complementavam – um amarelo mais torrado e um azul mais claro, dando origem a pontos de encontro de um vívido verde – aqui usa-se antes um laranja e um azul mais comedidos, levando a um ambiente mais sóbrio). (Mais) 

16 de outubro de 2014

A pior banda do mundo (2 vols.). José Carlos Fernandes (Devir)

Num panorama de produção e distribuição de jornais a nível nacional, com vários diários e semanários de referência, e jornalismo da especialidade (futebol, entretenimento, etc.), não deixa de ser surpreendente que ainda sobrevivam determinados jornais de interesse absolutamente local, associados a uma mão-cheia de freguesias e que se dedicam a notícias que se circunscrevem a um espaço reduzido. Exemplos são o Ecos de Cacia ou o Jornal Torrejano. Focando em interesses culturais, gastronómicos, desportivos e políticos, ou outros, de um interesse comunitário, poderá parecer aos forasteiros matéria de indiferença, mas a sua leitura – sobretudo se fora de quaisquer elos - traz-nos sempre uma ideia de estranheza quase insuperável. O que não deixa de ser um estímulo para o pensamento sobre mundos paralelos, cujos ecos em relação ao nosso nos regressam distorcidos, mas ainda assim possibilitados de iluminar algum aspecto que se nos torna subitamente familiar onde era apenas estranheza ou desconhecimento, ou pelo contrário, que torna estranho aquilo que nos era quase natural. (Mais) 

15 de outubro de 2014

Snow. Dieter Vdo (Bries)

De quando em vez surgem livros que aparentam em todos os aspectos serem livros infantis, não o sendo, ou enveredam por pequenos caminhos que parecem afastar-se desse território mais ou menos normalizado. Todavia, isso não impede que ele não seja sequestrado para esse tipo e leitura. (Mais) 

14 de outubro de 2014

Terminal Tower. Manuel João Neto e André Coelho (Chili Com Carne)

Uma das preocupações dos autores e dos editores foi deixar claro o processo de fabricação deste livro, o qual, em vez de seguir uma mais costumeira organização, e até mesmo hierarquia, de papéis criativos, entre um texto primário seguido por imagens que a consolidem concretamente, houve antes uma tecedura a par e passo entre ambos os autores. Séries de imagens mais ou menos narrativas criadas pelo artista, articuladas com citações de vários autores que compõem uma constelação cultural mais ou menos coerente pela sua aparente anarquia de referências – escritores como Thomas Pynchon e William Blake, filósofos como Peter Sloterdijk, filósofos-escritores como Maurice Blanchot, estrategas como Giulio Douhet, e homens de uma ciência mortífera como Robert Oppenheimer – e diálogos densos (tudo em inglês), se não mesmo obtusos, como se não tivéssemos sido convidados para escutar as conversas em curso, compõem os quadros (ou capítulos) desarticulados de um mundo marcado por limites que jamais identificaremos de modo decidido e final. (Mais) 

12 de outubro de 2014

Next Testament. Clive Barker, Mark Miller e Haemi Jang (Boom Studios)

Se bem que esta não seja a primeira experiência da escrita de Cliver Barker na banda desenhada, e ele próprio tenha-a criado já directamente, em tempos recentes com a continuação oficial das personagens originais de Hellraiser/The Hellbound Heart, este é o primeiro título em que apresenta material original e exclusivo para este meio expressivo. Next Testament não se baseia em nenhum livro ou esboço para filme, tendo nascido exclusivamente para a banda desenhada (no quadro dos desejos do editor da Boom). Na verdade, Barker conta com a ajuda de Mark Miller, um veterano da criação de cinema mas também de banda desenhada, e que já havia trabalhado nas versões de banda desenhada de Hellraiser. Neste caso particular, a personagem principal nasceu da imaginação de Barker mas com uma ajuda preciosa de Miller, e a escrita em si, o desenvolvimento da intriga e dos pormenores diegéticos foram lavrados por ambos. (Mais) 

9 de outubro de 2014

Colaboração na Image and Narrative. Resenha a Comics and the Senses.

Tendo já falado alargadamente deste livro, e providenciado uma entrevista no seu texto respectivo, serve o present post para simplesmente indicar a publicação de uma review do mesmo livro, mas numa versão algo menor e em inglês na revista académica Image and Narrative.

Pour prende date.

Poderão aceder a esse texto directamente aqui.

7 de outubro de 2014

Prémio Oficina do Cego.

Saberão alguns leitores que temos funções na Associação Oficina do Cego.

Recentemente lançámos um concurso para edições independentes, de toda a espécie, mas que poderá incluir a banda desenhada, a ilustração e outros territórios gráficos, e que visa a atribuição de 300 Euros.

Participem! Todas as informações aqui.

3 de outubro de 2014

El Deafo. Cece Bell (Amulet Books)

Já noutras ocasiões falámos sobre a possibilidade de pensar a banda desenhada não tanto enquanto arte, uma disciplina expressiva passível de ser empregue para a criação de objectos estéticos, ora mais ora menos controlados por limites genéricos e experiências tradicionais, ou informados pelas mais díspares noções advindas de todo o campo cultural, mas como linguagem. Isto é, um conjunto mais ou menos expectável de elementos formais que pode ser empregue para outros fins, tais como os comunicacionais. É isso o que nos leva a compreender, por exemplo, certos usos de um estilo “industrial” ou “simples” menos numa ideia de reescrever a própria disciplina do que para fazer passar uma vontade (propaganda, publicidade, informação institucional). El Deafo viverá num território entre essas duas atitudes, que de resto jamais são estanques ou absolutas. (Mais) 

28 de setembro de 2014

Comics. A Global History, 1968 to the Present. Dan Mazur e Alexander Danner (Thames & Hudson)

Permitam-nos uma história enlatada das transformações da memória da banda desenhada.

O facto da banda desenhada se ter desenvolvido, numa larga fatia da sua história, associada à imprensa, levou à noção de que ela mesma seria uma forma de arte necessariamente efémera, ou essencialmente constituída nessa sua efemeridade. À margem dos luxuosos álbuns publicados na Europa do século XIX que marcaram a sua primeira presença, e depois as acções de coleccionadores de tiras ou páginas de jornais durante a primeira metade do século XX, e algumas antologias em capas cartonadas, a esmagadora maioria da produção era votada à leitura de um só dia, e não propriamente a serem recompensadas pela possibilidade da releitura. Isso levou a que durante muito tempo a banda desenhada fosse sofrendo de uma espécie de amnésia, como escreveu Groensteen num seu livro, em que apenas fãs especializados conhecessem algo para além da produção da sua própria geração ou a anterior, muitas vezes até de modo diferente dos autores. Com as transformações editoriais, económicas e sobretudo estéticas que viriam a moldar uma nova vida da banda desenhada sob os formatos de livro, essa existência passou a ter outros contornos, mas a relação com o passado ainda se mantinha algo complexa, desagregada, isolada. Apenas mais recentemente é que uma tendência mais certeira tem assegurado uma recuperaçãoda memória, sobretudo através do acesso a edições integrais de determinadas séries, títulos ou autores. Mas a acessibilidade crescente aos textos que compõem essa história também implica a obrigatoriedade de um mapa. Comics, a Global History, é um desses mapas possíveis, e promete uma navegação suave e lata. (Mais) 

26 de setembro de 2014

Critical Inquiry, Primavera 2014: “Comics & Media”. AAVV (University of Chicago Press)

A Critical Inquiry é uma das mais importantes publicações académicas dos Estados Unidos, nas últimas décadas, no que diz respeito à dita “High Theory” ou Estudos Culturais (que agrega a crítica literária à psicanálise, passando pela filosofia(s), o pós-estruturalismo, teoria dos media, feminismo, enfim, toda uma série de cruzamentos entre as disciplinas das humanidades). De certa forma, no seu círculo, a conquista de um espaço de atenção nas suas páginas é um sinal, ainda que não absoluto e completo e final, de entrada e prestígio na academia. Esta publicação já abriu espaço para muitos papers dedicados, claro está, às mais diversas das artes, desde aquelas mais consolidadas historicamente, como a literatura e a pintura ou mesmo o cinema, até às mais recentes mas imediatamente prestigiantes e integradas, como a instalação ou o vídeo, passando por algumas aspectos da dita cultura popular, como a fotonovela e a televisão. Mas a banda desenhada esteve até agora arreigada do seu espaço (uma busca no seu motor próprio não dá resultados significativos), surgindo este objecto – que lhe é quase exclusivamente dedicado – como uma espécie de correcção. Mas sê-lo-á? (Mais) 

23 de setembro de 2014

Through the Woods. Emily Carroll (Faber & Faber)

Quando discutimos alguns webcomics, mencionámos muito rapidamente o trabalho de Carroll, como um desses casos que não tirava particularmente proveito de todas as possibilidades expressivas, estruturais ou tecnológicas de publicar online o seu trabalho, ainda que existissem algumas estratégias de apresentação singulares. O fenómeno da edição em papel de determinados trabalhos apresentados originalmente na rede também não é particularmente novo, e já tivemos oportunidade de apresentar alguns livros que atravessaram esse processo, e comentar o que isso pode significar na relação contínua entre os diferentes mundos de edição, as formas de produção, circulação, publicação e comercialização do trabalho de banda desenhada, e por aí fora. Em relação ao livro de Carroll, concentrar-nos-emos no seu conteúdo, dizendo apenas que o objecto em si, o livro, é lindíssimo, com uma dustcover onde o título e os ramos das árvores, em baixo, têm um ligeiro volume que convidam a uma certa apreciação e prazer tácteis. (Mais) 

20 de setembro de 2014

The Boxer. Reinhard Kleist (Self Made Hero)

Há medida que o tempo passa, e os títulos se multiplicam, os géneros se atomizam, os temas se encetam, e a variedade se procura, é expectável que venhamos a cruzar-nos com trabalhos que tanto nos recordam títulos anteriores numa óptica de modelos continuados como de variações tentadas. E nessa comparação haverá sempre, inevitavelmente, aspectos que nos fazem compreender uma maturidade e crescimento, se quisermos usar essas palavras, da forma de arte em questão, e outras dimensões que nos fazem sentir alguma perda. (Mais) 

18 de setembro de 2014

March, Book One. John Lewis, Andrew Aydin e Nate Powell (Top Shelf)

Imaginemos a cena. Um pequeno restaurante, numa rua principal de uma cidade de alguma dimensão, tem mesas distribuídas no seu espaço, algumas perto das montras, outras dispostas perto das paredes, um balcão corrido. As pessoas entram, sentam-se, escolhem o prato de uma ementa, encomendam, comem e pagam. Mas conforme a cor de pele, pode ou não ser autorizado a sentar-se ao balcão, ou tem de ser dirigido a um canto especial. O mesmo ocorria com lugares nos autocarros, se não mesmo no tipo de autocarros, das casas de banho em estações de serviço, ou nas escolhas e possibilidades de inscrição em escolas, bibliotecas, jornais, já para não falar sequer no direito à directa representação eleitoral ou outros assuntos ainda mais prementes (habitação, empregabilidade, etc.). (Mais) 

16 de setembro de 2014

Safe Place. André Pereira e Paula Almeida (Kingpin Books).

Safe Place é um projecto curioso na medida em que parece ser construído a partir de uma ideia modular. Ele pode ser lido como um projecto isolado, mas potencia-se igualmente como episódio de algo maior, que poderá ou não vir a ser desdobrado. Além disso, como todas as obras de autores que se vão formando de modo decisivo e certeiro, ela também pode ser lida em conjunção com os trabalhos anteriores do autor. (Mais)

14 de setembro de 2014

Artigo na ColdFront: A Kick in the Eye.

Serve o presente post para indicar que a crítica a A Kick in the Eye, que havíamos feito aqui, foi publicada em inglês na ColdFront mag.

Agradecimentos a Nico Vassilakis, pela ajuda nos contactos.

Link directo, aqui.