10 de abril de 2005

Isaac, Le Pirate 4. La Capitale. Christophe Blain (Poisson Pilote). Voltar à Grande Aventura 3.


Não sei se o que mais me tocou pessoalmente, me emocionou, foi ser testemunha directa da “traição” amorosa de Alice, ou ver Isaac a descobri-lo por ele mesmo, no seu retorno a Paris. Este é o caso da Grande Aventura neste caso: a capacidade de criar uma personagem absolutamente redonda, para reintroduzir uma terminologia já um pouco desusada, mas que é pertinente face a tão acabada personalidade. Por outro lado, Christophe Blain segue na construção das suas histórias uma trama mais cerrada, o que é visível no arranjo das pranchas – bem diverso do que se verifica na sua colaboração com Sfar em Socrate, Le Demi-Chien que é fruto da estrutura de Sfar (repetida em Les Olives Noires, deste último com Guibert). Este álbum, ainda que seja uma espécie de pausa no exotismo e retrato de paragens “estrangeiras” do mundo da pirataria, navegação e cultura do século dito Iluminado, aponta antes para os cantos obscuros da metrópole, mais obscuros ainda pelas almas dos seus habitantes.
Algumas das pranchas parecem ser reconstruídas directamente a partir das telas da mesma época retratada, com a mesma patina de uma neblina que nos faz desconfiar não ser apenas atmosférica, mas moral, emocional, de uma existência diferente de uma mais falsa visão histórica.
As aventuras de Isaac Sofer, pintor judeu pirata ladrão e amante, sobretudo amante para ser tudo o resto, ainda não terminaram.
(Espero que a Polvo continue a apostar na edição em Portugal.)Posted by Hello

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